Como descobrir o que pensar sobre as grandes questões de importância espiritual?
Bem, podemos fazer um monte de perguntas, todas centradas em nós mesmos, ou centradas em outras pessoas. Podemos, por exemplo, perguntar como uma ideia nos faz sentir sobre ela. Podemos perguntar se isso faz sentido para nós. Podemos testar se ela se encaixa nos contornos de nosso próprio pensamento. Podemos propor paradigmas e silogismo feitos por nós mesmos.
Podemos dialogar com outros, e escutá-los. Podemos ouvir suas histórias e deixar que essas histórias nos motivem, moldem e formem nosso pensamento. Podemos aumentar nossa amostra lendo biografias, olhando pesquisas, lendo a mídia convencional. Podemos aceitar suas perguntas, seus raciocínios e suas hierarquias, e deixar que determinem a agenda do nosso comportamento.
Podemos tentar esta e aquela “tradição de fé”, o quanto quisermos. Ver o que outros homens e mulheres fizeram sobre isso em nome da religião. Se é importante que sejamos vistos (ou vermos a nós mesmos) como cosmopolitas, podemos procurar pelo mundo todo até que achemos o verdadeiro amor.
Então, uma vez que moldamos o que parece certo, o que faz sentido, o que tem apelo, o que melhor se encaixa em nós – então, podemos partir, voar e aterrisar.
Ou.
Ou podemos ser cristãos.
Enquanto você olha para mim esperando que eu especifique essa antítese ou preparando-se para exigir que eu o faça, permita apenas dobrar a aposta insistindo que eu quis dizer exatamente o que eu disse. Pensar como um cristão e pensar como qualquer outra coisa são dois processos fundamentalmente distintos. São coisas tão diferentes quanto dia e noite, e tão irreconciliáveis quanto esquerda e direita.
Existem fundamentalmente dois caminhos para aproximar-se de qualquer ideia, e somente dois. Podemos começar com Deus e Sua Palavra, ou podemos começar com qualquer outra coisa; e o “qualquer outra coisa” normalmente reduz-se a nós mesmos. Essa é uma metodologia filosófica de fabricação antiga.
Meu texto aqui – de muitos possíveis – é Provérbios 1.7: O temor de Yahweh é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.
“Princípio” aqui pode significar muitas coisas. Eu trato disso em meu livro sobre Provérbios e explico que creio que significa princípio no sentido de ponto de partida. É o ponto de partida, não no sentido de bater o ponto e então continuar, mas no sentido de que, se não começarmos com o temor de Yahweh, não iremos a lugar nenhum em conhecimento ou sabedoria. Eu comparo ao alfabeto. Você não chega a lugar nenhum na leitura sem saber o alfabeto; mas, tendo começado com o alfabeto, você nunca vai descartá-lo. Você utiliza ele constantemente, porque ele permeia tudo o que você faz quando lê.
Assim, da mesma forma, o temor de Yahweh é o ponto de partida do conhecimento e da sabedoria (Provérbios 9.10). Nós começamos ali ou não vamos a lugar algum. E, tendo começado ali, nunca abandonaremos, porque permeia todo pensamento e toda cadeia de raciocínio.
Seria útil, então, alcançar um entendimento mais preciso do que temor de Yahweh significa. Tem pouca relação com emoção, ou com noções nebulosas de reverência mística. Muito frequentemente encontraremos isso em um sentido bem concreto no AT. Kidner disse bem que o temor de Yahweh é “aquela relação filial em que, no mais positivo dos sentidos, nos põe seguramente em nosso lugar e Deus em Seu lugar” (sobre Neemias 9.32, em Ezra & Nehemiah [Downers Grove: InterVarsity Press, 1979], 113).
O temor de Yahweh é o padrão da mente que reverte Gênesis 3, na verdade. Eva foi motivada por autointeresse. O crente arrependido é motivado pelo interesse de Deus (Dt 6.5). Eva decidiu testar a Palavra de Deus por seu julgamento e experiência. O crente arrependido testa seu julgamento e experiência pala Palavra de Deus.
Portanto, quando o primeiro tipo de pessoa descobre que ela, ou muitas pessoas, sentem repulsa por uma ideia afirmada na Bíblia, ela é toda excitação para acalmar a multidão ou a si mesma. Ela é imensamente afetada por relatos (ou sensações) de gente repelida, afastada, devastada, psicologicamente esmagada, aterrorizada e traumatizada por esse princípio bíblico. Ela caminhará grandes distâncias para silenciar esses sentimentos ou reações negativas; se a Bíblia não se render pacificamente, pior para ela.
Em um claro contraste, o segundo tipo vê a multidão e diz “Bem? E daí?”. Ela abdica de seu trono e não se esquece disso. Deus é o Senhor do seu pensamento. Sua primeira pergunta não é “Como me sinto sobre isso?”, nem “Como os outros sentem-se sobre isso?”. Sua primeira pergunta é “O que Deus diz sobre isso?”.
Talvez uma outra maneira de ver isso seja no que nos move, quando a situação fica difícil. O primeiro tipo de pessoa, confrontado com as verdades desagradáveis da Bíblia, irá ignorá-las, negá-las, questioná-las, evitá-las, redefini-las até ficarem vazias, ou então varrê-las para debaixo do tapete. No seu caso, não há questionamento: as verdades são o que devem ser removidas.
O segundo tipo, descobrindo-se na mesma situação, confrontará seus sentimentos, suas pressuposições e sua ignorância. Ele os considerará como inimigos de que deve se arrepender, que precisam ser mortos e desapropriados – não como joias preciosas, adoradas e exibidas.
Esta é, de maneira clara, a diferença entre um rebelde e um servo.
Ou, em outras palavras, é a diferença entre Céu e Inferno.
Traduzido por Josaías Jr | iPródigo | Original aqui