Com quantos não cristãos você conversa face a face regularmente, fora do horário de expediente? Com quantos deles você compartilha o evangelho? Pela minha experiência, parece que muitos dos círculos presbiterianos e reformados não possuem conhecidos fora da igreja. Infelizmente, isso afeta negativamente a forma com que as pessoas compartilham o evangelho. Antes que eu me aprofunde, entretanto, você deve estar pensando como eu devo saber que tantos cristãos em nossos círculos não possuem um grande número de conhecidos e/ou amigos descrentes com quem eles conversem e com quem eles gastem tempo regularmente. Não digo que com todo mundo seja assim, mas perguntei para muitas pessoas como e com quem elas gastam tempo. Na grande maioria das vezes, fora das atividades do dia a dia (por exemplo, trabalho e tempo familiar), os cristãos com quem conversei ou estão nas atividades da igreja ou estão passando o tempo com outros cristãos. Em outras palavras, eles não passam muito tempo com descrentes.
Eu, por exemplo, sou extremamente agradecido por irmãos e irmãs em Cristo passarem o tempo juntos. Eu repetidamente enfatizo aos santos de nossa igreja que eles precisam abrir seus lares uns para os outros para ficarem juntos. Isso traz várias oportunidades para nos conhecermos melhor, partirmos o pão e falarmos sobre o Deus triúno. Se, no entanto, as únicas pessoas com quem você gasta seu tempo e com quem você fala sobre Deus são cristãos, isso pode afetar negativamente sua habilidade de partilhar o evangelho de forma simples.
Há alguns anos, eu levei alguns estudantes do Westminster Seminary California (onde estudei) à universidade local. A intenção era compartilhar o evangelho, convidar estudantes universitários à igreja e/ou às nossas casas, e os conhecermos. Em diversas ocasiões, os seminaristas ficaram chocados com o quão dispostos os estudantes universitário estavam para conversar sobre Cristianismo. Isso era uma boa notícia. A má notícia é que alguns seminaristas não sabiam como falar de Jesus sem usar as palavras justificação, imputação da justiça, consumação, reino de Deus ou outros clichês cristãos como “cobertos pelo sangue”. Na verdade, alguns estudantes admitiram que não conseguiam compartilhar o evangelho de forma simples porque eles tinham se imergido no linguajar seminarista/bíblico/teológico.
Estou certo de que palavras como justificação e consumação são palavras que aparentam ser fáceis de serem evitadas, mas o que dizer sobre outras palavras de nosso vocabulário que nós usamos facilmente, mas que, talvez, precisem ser explicadas? Palavras como Deus, julgamento, pecado, evangelho e justiça também pedem explicação. O que é pecado? Quem determinou sua definição? Pecado contra quem? Deus? Que Deus? Talvez houve um tempo em que essas palavras não precisassem de definição ou de ilustração mas, hoje, precisam. Ir até alguém, portanto, no campus da universidade ou em qualquer outro lugar (por exemplo, durante uma conversa com um vizinho) e dizer “você já ouviu sobre o evangelho?” ou algo derivado disso não é a forma mais efetiva de se começar uma conversa sobre o Senhor. O que é o evangelho? Muitos, talvez a maioria, dos descrentes não usam essa linguagem e, a não ser que eles tenham tido uma educação religiosa, a palavra “evangelho” pode não significar nada para eles.
Se você já fala do evangelho com descrentes por algum tempo, provavelmente você já se achou nessa situação de ter de explicar tudo que esteja relacionado com o evangelho. Nossa cultura, ao menos em minha experiência, exige isso. Se você não está ao menos parcialmente imerso na cultura, particularmente no que diz respeito a ter amigos não crentes, você usará, sem a explicar, a linguagem da Bíblia para falar do evangelho e, assim, errará o alvo.
A linguagem bíblica e teológica que nós utilizamos com nossos amigos cristão é boa mas, por favor, considere mudar sua linguagem e explicar o que você quer dizer quando fala do evangelho com descrentes. Se não o fizer, provavelmente estará falando em línguas estranhas com eles (1 Cor. 14.20-23).