Em meu último artigo, eu argumentei que a família – não os pastores de jovens – deve vir em primeiro lugar quando a igreja busca disciplinar e evangelizar seus filhos. Os pais e mães cristãos devem ser chamados a essas responsabilidades espirituais e estar intencionalmente preparados pela igreja para realizá-las.
Alguém pode ter a impressão, no entanto, baseado na ênfase desse artigo, centrado na família, que a família biológica é um tipo de entidade central, algo mais fundamental e básico que a família da igreja. Em outras palavras, uma tendência das pessoas que fortemente concordam com a idéia de focar na família é começar a ver a família como o lugar fundamental da identidade espiritual de alguém, com a igreja existindo meramente para providenciar algumas ferramentas espirituais enquanto o verdadeiro trabalho é feito em casa. Esse não é um entendimento correto da interação da família com a igreja. A primeira e mais fundamental “família” para um crente em Jesus é a família da igreja. Minha identidade é como um filho de Deus através de Jesus, mais até do que como filho do meu pai e da minha mãe. De fato, muitas pessoas vêm à fé como crianças cujos pais não conhecem a Cristo. A família mais fundamental deles passa a ser a igreja, a família de Deus em Cristo. O argumento do artigo anterior é pela primazia da família cristã no papel de formar, ensinar e treinar a criança, da mesma forma que essas crianças pertencem à família da igreja de uma forma muito mais essencial e eterna.
Creio que mesmo quando maravilhas, discipulado baseado na família e evangelismo estão acontecendo no contexto da igreja local, há ainda um lugar e um propósito importantes para uma programação do ministério de jovens. Um ministério jovem – bem feito – pode e deve contribuir para o cumprimento do objetivo da igreja de treinar e enviar seguidores de Jesus Cristo que servem à Sua igreja.
Descrição de um ministério jovem bem feito
Primeiro, eu preciso esclarecer o que eu quero dizer com ministério bem feito. Eu falo de um ministério que é:
1. Centrado na Palavra
O Apóstolo Paulo diz ao seu trainee Timóteo que “as Sagradas Letras” – a Palavra – são “capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” (2 Tim 3:15). Um ministério jovem que é verdadeiramente centrado na Palavra não inclui simplesmente o ensino da Bíblia em assuntos variados; é também comandado e liderado pela Palavra de Deus em todos os assuntos. Uma descrição melhor que centrado da Palavra pode ser permeado pela Palavra. Estamos longe de sermos perfeitos em alcançar esse objetivo em nosso ministério jovem na College Church [N.T.: Igreja em que o autor do texto pastoreia]. No entanto, nosso objetivo é deixar que todo aspecto de nosso ministério – grandes reuniões de grupo, pequenos grupos de estudo, relacionamentos de discipulados um a um, pequenas viagens missionárias etc – sejam permeados, liderados e guiados pela Palavra de Deus. Somente a Palavra de Deus é capaz de fazer os estudantes “sábios para a salvação”. Em resumo, um ministério de jovens centrado na Palavra tem isto como seus objetivos básicos: enviar seus estudantes que acreditam, leem, estudam e amam a Palavra de Deus.
2. Focado na Igreja
Um ministério jovem focado na igreja tem líderes que deixam seu caminho para lembrar os estudantes (e eles mesmos!) que seu grupo de jovens não é a igreja. É um ministério – como um grupo de escola dominical, na verdade – que está incluído na igreja local. Grupos de jovens se metem em problemas quando tomam vida própria com objetivos separados ou uma agenda maior do que a igreja como um todo. Um ministério jovem que é bem sucedido apóia a participação nos cultos, prepara estudantes para o serviço imediato na vida mais ampla da igreja e intencionalmente lembra aos estudantes que eles não estarão em um “grupo jovem” pelo resto de suas vidas.
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3. Voltado para a família
Se for verdade que o mandamento para o discipulado e evangelismo das crianças – desde as primeiras fases do povo de Deus – vem em primeiro lugar para os pais, então um ministério jovem bem feito apóia, estimula e reforça o papel principal do ministério da família cristã nas vidas dos estudantes. Isso significa que um pastor jovem vê a si mesmo como um ponto de apoio para os pais piedosos, não uma oposição a eles. Há, claro, circunstâncias que podem exigir que os pais sejam confrontados; abusos de autoridade dos pais certamente ocorrem. Mas, em geral, pastores jovens ficam do lado dos pais – sendo parceiros deles e até mesmo preparando-os no sentido de reforçar as verdades bíblicas e do evangelho que estão sendo ensinadas em casa. Um pastor de jovens que vê a si mesmo apenas como um pastor “jovem” perdeu o objetivo. Alguém que lidera um ministério jovem bem é, na verdade, um pastor de famílias.
Benefícios de um Ministério Jovem bem Feito
Quando um ministério com jovens é bem feito, tem grande valor para a vida da igreja local, para o discipulado ao longo da vida e para o serviço da igreja com jovens estudantes. Aqui estão apenas alguns porquês.
1. Jovens ouvem vozes
Quer os pais cristãos gostem ou não, chega um momento em que os jovens começam a ouvir outras vozes além das deles. Mesmo os filhos que evitam programas de televisão obscenos e freqüentam escolas cristãs começam a ser influenciados por outras formas de pensamento. Um ministro de jovens que ensina a Bíblia, compreende a cultura na luz do evangelho e, sim, expõe os estudantes a alguns adultos mais jovens na igreja que se importam profundamente com suas almas e podem acrescentar vozes mais valiosas e verdadeiras (às vezes até “cool”) a suas vidas. Pais, encontrem outras vozes em que vocês confiam – vozes que reforçarão sua educação da bíblia e do evangelho. Seus filhos estão ouvindo muito dos outros!
2. Jovens precisam aprender a ministrar o evangelho aos outros
Certamente há muitas oportunidades para isso em igrejas que não têm programação no ministério de jovens. Mas um grupo de colegas da mesma idade pode proporcionar uma maravilhosa oportunidade aos estudantes de aprender a interagir como homens e mulheres de igreja “independentes”, de maneiras que irão preparara-los para uma vida de serviço à igreja local. Por exemplo, no contexto do estudo bíblico no Ensino Médio, os estudantes têm a oportunidade de participar de uma discussão, estudar cuidadosamente uma passagem da Escritura e até mesmo aprender a dirigir uma conversa com um grupo de seus colegas. Um ministro de jovens pode e deve se tornar um contexto para a formação de relacionamentos de discipulado “um a um”. Estudantes começam a encontrar outros na mesma fase da vida com quem eles podem ter uma conversa franca, oração, confissão e prestação de contas. Um ministério de jovens pode então se tornar um tipo de campo de treinamento para serviço, aprendizado e ministério como adultos na igreja.
3. Jovens incentivam uns aos outros
O grupo jovem, na pior das hipóteses, pode se tornar um clube social exclusivo para jovens cristãos para se divertir, ver os amigos e fazer brincadeiras de se sujar. No melhor das hipóteses, no entanto, pode ser um lugar de muito encorajamento espiritual mútuo, tanto para estudantes cristãos se reunirem para encorajar uns aos outros no evangelho como para eles buscarem viver por Cristo em situações em que são atormentados pelo pecado na escola ou de dificuldades em casa. Estudantes frequentemente compartilham interesses comuns, bem como lutas comuns; eles sabem pelo que estão passando os outros na mesma situação. É difícil viver por Jesus no contexto de bailes de formatura, corredores cheios de fofocas e vestiários de futebol. Um ministério de igreja para estudantes baseado na idade proporciona uma maravilhosa oportunidade para o apoio e encorajamento no evangelho, desde que seja guiado cuidadosamente pela Palavra de Deus.
4. Os jovens crescerão
Quando o ministério de jovens é conectado com – e em submissão a – a igreja como um todo, torna-se um mecanismo efetivo para preparar, treinar, e idealmente, enviar estudantes para oportunidades no ministério e no culto na igreja mesmo durante os anos de ensino fundamental e médio. Enquanto ainda estamos crescendo nisso em nosso ministério, servimos como o principal ponto de partida para estudantes que servem nos ministérios deficientes de nossa igreja, no ministério de música, na equipe de recepção, na escola bíblica de férias, nos programas de evangelização de verão e pequenas viagens missionárias. A chave aqui, claro, é que o pastor de jovens nunca deve ser muito “ciumento” com seus estudantes. Ele tem que ser comprometido em ativamente impulsioná-los para o serviço e oportunidades de ministério que atinjam o corpo mais amplo da igreja. Essas atividades, juntamente com sólido ensino e treinamento bíblico, estão preparando-os para amar e servir o corpo de Cristo quando crescerem.
5. Jovens compartilham o evangelho
Ministérios jovens com freqüência se tornam extremamente importantes – de fato, únicos – caminhos para o testemunho do evangelho em nossas comunidades. Nossos jovens com frequência parecem conduzir o caminho no evangelismo, mesmo ao simplesmente trazerem um amigo ao grupo de jovens para escutar o ensino bíblico. Estudantes que vêm de lares não cristãos muitas vezes escutam as boas novas de Jesus Cristo em reuniões de grupo jovem. Eles são simplesmente mais suscetíveis a frequentar o grupo jovem com um amigo que um culto de adoração por eles mesmos. Eu louvo a Deus porque, mesmo em nosso ministério jovem imperfeito, estudantes que têm vindo a Cristo em nosso meio estão em seguida fazendo algo muito animador: levando o evangelho da igreja para suas famílias.
Traduzido por Carla Ventura | iPródigo.com | Original aqui