Em 2005, eu fiz a minha primeira viagem ao Oriente Médio. Eu estava lá para participar de um diálogo Cristão-Muçulmano patrocinado pelas associações de estudantes muçulmanos e cristãos de uma universidade local. Pelo que sabíamos, seria o primeiro diálogo público desse tipo na historia daquele país. Seria, para muitos estudantes muçulmanos, a primeira vez que ouviriam um cristão proclamar o evangelho pessoalmente.
A questão mais frequentemente perguntada e raramente respondida
Por todo o nosso tempo no Oriente Médio, tanto estudantes como adultos repetidamente perguntavam, “Como podemos compartilhar o evangelho com muçulmanos?”. Essa é uma pergunta que frequentemente eu faço. Por trás da pergunta geralmente se encontram uma ou duas preocupações mais profundas. Ou o pensamento de “evangelismo muçulmano” assusta o questionador, ou ele quer um método especial para compartilhar o evangelho, revelando uma falta de confiança no próprio evangelho.
Chego a essa determinada conclusão sobre o evangelismo muçulmano: o que mais precisamos é confiar no poder do evangelho em si. Em Romanos 1.16, Paulo dá essa explicação para esse anseio de pregar o evangelho para a igreja em Roma: “Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego.” O apóstolo poderia muito bem colocar “e para os muçulmanos também”. Mas raramente ouvimos “confiança no evangelho” oferecida como uma necessidade primordial quando se trata de compartilhar a fé com muçulmanos; ao invés disso, nós ouvimos muito sobre técnicas, apologética, contextualizações e até mesmo política.
Por mais importante que a contextualização, a apologética e as técnicas sejam, não podemos colocar nossa confiança nessas coisas. “Nós não somos o motivo do evangelho funcionar; o evangelho é o motivo do evangelho funcionar” (Ligon Duncan, no livro Feed My Sheep). As boas novas sobre o Filho de Deus sem pecado – encarnado, crucificado, sepultado e ressuscitado no lugar de pecadores para libertá-los do julgamento de Deus e para levá-los à comunhão amorosa com Deus – produzem a salvação que desejamos que nossos amigos muçulmanos experimentem. O evangelho por si só faz isso. E nós que carregamos essas boas novas podemos seguramente por a nossa confiança nisso.
Algumas coisas para lembrar
Enquanto a nossa confiança deve estar no evangelho por si só, e devemos ser primeiramente preocupados em sermos fiéis ao compartilhar a mensagem, há algumas pequenas coisas a lembrarmos que vão nos ajudar em nossos esforços para evangelizar muçulmanos:
Seja cheio do Espírito. Uma pesquisa no livro de Atos revela que quando os discípulos estavam “cheios do espírito” o resultado mais frequentemente observado era a proclamação ousada do evangelho (por exemplo, Atos 2.1-41; 4.13,29; 6.10; 13.9-10). Cristão são criaturas peculiares controladas por Deus por dentro – não por fora – através do Espírito de Deus que habita em nós. Conforme o Espírito nos controla, derramando o amor de Deus em nossos corações, podemos renunciar aos nossos medos e testemunhar corajosamente.
Confie na Bíblia. Várias conversas evangelísticas com muçulmanos ocorrem sem referência à Bíblia. Normalmente, a maioria dos muçulmanos rejeitam a Bíblia por acharem que ela contém distorções ou equívocos. Cristãos devem demonstrar nossa confiança na inerrância, autoridade e poder da Palavra de Deus simplesmente ao usar a Bíblia no evangelismo. Pacientemente, abra o Livro, leia passagens chave no contexto, explique o significado, e conclua questionando se houve entendimento ou alguma reação. Você verá que a Bíblia por si só, com habilidade, responde a maioria da objeções mais comuns. Mais do que alguns poucos descrentes e céticos foram atirados ao chão e levados à fé pela simples leitura das Escrituras.
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Pratique a Hospitalidade. Além de ser um mandamento do Novo Testamento (Romanos 12.13; 1 Pedro 4.9), a hospitalidade proporciona oportunidades estratégicas para aprofundar amizades e compartilhar o evangelho. Há algo na abertura de nossas casas que resulta na abertura de corações. Nossas mesas de jantar, salas de estar, festas de família e passeios comunitários podem ser usados para avançarmos com o evangelho. A maioria dos imigrantes nos Estados Unidos nunca serão convidados para os lares americanos. Essa é a nossa vergonha – especialmente como cristãos. Não sendo hospitaleiros, desobedecemos nosso senhor e deixamos de comunicar de forma tangível Seu cuidado e preocupação.
Use sua igreja local. Deus quer que a igreja local torne visível para o mundo a realidade de Seu amor (João 13.34-35). A comunidade do povo de Deus demonstra o poder reconciliador do evangelho de uma forma que a nossa caminhada individual não é capaz (Efésios 2.13-16). Convide seus amigos muçulmanos para a igreja. Deixe-os verem algo do cristianismo no interior da comunidade que se reúne para a adoração como povo de Deus. Entre muitos companheiros santos você vai encontrar ajuda para apresentar Cristo.
Sofra pelo Nome. Servimos a um Messias sofredor que nos chama diariamente a carregarmos nossa cruz (Lucas 9.23). Pode haver rejeição, constrangimento, ofensa e, de vez em quando, palavras atravessadas. Perseguição física pode nos esperar no campo missionário. Mas tomemos a atitude dos primeiros discípulos, que se alegraram quando foram considerados dignos de sofrer pelo Nome (Atos 5.41). Se sofrermos, nos lembremos do sofrimento de Jesus (1 Pedro 2.22-23). Lembremo-nos das promessas de Deus para nos libertar e confortar (2 Co. 1.5, 9-10). E lembremo-nos da grande recompensa que Deus tem reservado àqueles que sofrem por Cristo (Mateus 5.10). O sofrimento não é impedimento; é o caminho para a glória.
Traduzido por Marianna Brandão | iPródigo.com | Original aqui