Tente discutir com cristãos esquerdistas sobre a homossexualidade e, nos primeiros cinco minutos, alguém vai jogar o divórcio e o novo casamento em seu rosto. Muito para meu desgosto, eu estive, muitas vezes, envolvido em debates sobre a homossexualidade e sempre alguém que defende o comportamento homossexual traz a questão do divórcio. “Se o casamento é tão importante para você”, a réplica vai, “por que você nunca falar sobre o pecado do divórcio?”. A implicação é: “Você apenas escolhe os homossexuais. Você não segue a lei mais literalmente do que nós. Se você seguisse, você estaria incidindo sobre divórcio, porque esse é o maior problema em nossas igrejas”.
Onde Há Fumaça…
Quando se trata de debater o homossexualismo, o divórcio é tanto uma cortina de fumaça e como um fogo. É uma cortina de fumaça, porque as duas questões – divórcio e homossexualidade – estão longe de ser idênticas. Para começar, não há grupos em nossas denominações cuja razão de ser é a celebração do divórcio. As pessoas não estão defendendo novas políticas em nossas igrejas que afirmam a bondade do divórcio. Os conservadores continuam falando sobre a homossexualidade porque esse é o erro que está na moda atualmente. Nós adoraríamos falar sobre como ter um casamento saudável (e praticar). Nós adoraríamos falar sobre a glória da Santíssima Trindade, mas a batalha que enfrentamos neste exato momento (pelo menos uma delas) é sobre a homossexualidade. Portanto, não podemos ficar em silêncio sobre esta questão.
É importante ressaltar também que a proibição bíblica contra o divórcio explicitamente permite exceções, a proibição contra a homossexualidade não. A posição protestante tradicional, tal como exposta na Confissão de Fé de Westminster, por exemplo, afirma que o divórcio é permitido em razão da infidelidade conjugal ou abandono por cônjuge incrédulo. Mesmo que concedida, a aplicação destes princípios é difícil e a questão do novo casamento após o divórcio se torna ainda mais complicada, mas quase todos os protestantes sempre consideraram que o divórcio é, por vezes, aceitável. Posto de forma simples, a homossexualidade e o divórcio são diferentes, porque segundo a Bíblia e a tradição cristã, o primeiro é sempre errado, enquanto o último não o é.
Finalmente, o típico argumento “mas e o divórcio?” não é tão bom quanto soa, porque muitas das nossas igrejas realmente levam a sério o divórcio. Sei que muitas igrejas não (mas depois comentamos isso). Mas muitas das mesmas igrejas que falam contra a homossexualidade também falam contra o divórcio ilegítimo. Eu já disse mais sobre a homossexualidade na blogosfera, porque há uma polêmica em torno da questão em toda a Igreja. Mas eu disse mais sobre o divórcio na minha igreja, porque esta é a questão mais perigosa para nós (e mais congregações imagino eu). Praticamente todos os casos de disciplina que nós nos deparamos como um conselho de presbíteros foi sobre o divórcio. A maioria dos aconselhamentos pastorais em que tenho estado envolvido tinha a ver com casamentos fracassados ou à beira do fracasso. Minha igreja, como muitas outras, leva a sério todos os tipos de pecados, incluindo o divórcio ilegítimo. Nós nem sempre sabemos como lidar com cada situação, mas posso dizer com a consciência completamente limpa que nós nunca fechamos os olhos para o divórcio.
…Provavelmente Há Algum Fogo
E no entanto … e mesmo assim, muitos evangélicos conservadores têm sido negligentes no trato com o divórcio ilegítimo e novo casamento. Pastores não têm pregado sobre a questão por medo de ofender um grande número de seus membros. Conselhos de Presbíteros não têm praticado a disciplina eclesiástica sobre os que pecam nesta área, porque, bem, eles não praticam a disciplina em muita coisa. Conselheiros, amigos e grupos pequenos não se envolvem suficientemente cedo para fazer a diferença em situações pré-divórcio. Os advogados cristãos não têm pensado bastante sobre a sua responsabilidade em promover a reconciliação conjugal. Os líderes da Igreja não têm ajudado os iletrados a compreender o ensino de Deus sobre a santidade do casamento, e não temos ajudado os que já erroneamente se casaram de novo a experimentar perdão por seus erros passados.
Então, sim, há muito engano para corrigir. A igreja evangélica, em muitos lugares, desistiu e foi um desastre quanto ao divórcio e ao novo casamento. Mas o remédio para essa negligência não é mais negligência. A lenta e dolorosa cura é mais exposição bíblica, um cuidado pastoral mais ativo, uma utilização mais fiel da disciplina, mais uma aconselhamento mais cheio da Palavra de Deus, e mais oração quanto ao divórcio ilegítimo, quanto à homossexualidade e quanto a todos os outros pecados que são mais facilmente tolerados do que confrontados.
Traduzido por Gustavo Vilela | iPródigo