“A vida possui muitos desafios. Os únicos que não devem nos assustar são aqueles que podemos aceitar e assumir o controle”. Foi assim que Angelina Jolie resumiu seu artigo no jornal New York Times, explicando porque se submeteu a uma dupla mastectomia preventiva. Com um alto risco para o câncer de mama por causa de um gene “defeituoso”, o procedimento reduziu suas chances de contrair o câncer de mais de 80% para 5%. Isso é uma grande mudança.
Agora, ela escreve: “Eu posso dizer aos meus filhos que eles não precisam ter medo de me perder para o câncer de mama.”
Mas isso não é verdade. Ela não pode eliminar suas chances de ter câncer de mama, apenas reduzi-los. E essa declaração revela o verdadeiro problema nessa situação: o medo. Mais especificamente, o medo da morte.
A medicina preventiva é uma bênção. Ela pode ser usada biblicamente quando somos mordomos dos recursos que Deus nos deu: tempo, dinheiro, corpos. Nós temos a responsabilidade de cuidar do nosso corpo da melhor maneira possível, já que eles são um dom de nosso Criador.
Mas, em algum lugar, nós cruzamos a linha entre mordomia e idolatria. Eu diria que nós cruzamos esta linha quando a nossa prevenção é impulsionada não por amor a Deus e Sua criação, mas por um desejo de controle e pelo medo da morte. As razões que Jolie dá para seu procedimento (um grande medo por causa do alto risco) e o objetivo que ela expõe (vencer a morte por câncer de mama) não são aqueles que revelam um coração preocupado com a mordomia. São simplesmente evidência de alguém, que está sujeito a eterna escravidão por medo da morte (Hb 2.15). Ao mesmo tempo que Jolie se pronuncia contra o tráfico de seres humanos, ela mesma está escravizada ao pecado que nem ela nem o mundo que a admira reconhecem. Ela tem a ilusão de controle, porque tem tempo e dinheiro para submeter-se a procedimentos avançados. Mas a sua morte, como a de todos nós, é inevitável, pois vivemos no mundo de Gênesis 3.
Assim, embora possa ser ético passar por uma dupla mastectomia preventiva (eticistas cristãos precisam ser mais claros e públicos sobre o pensamento bíblico a respeito de testes genéticos, etc), esta não é a verdadeira questão aqui. Jolie acha que seu maior inimigo é o câncer. Mas é, na verdade, aquele que tem poder além da morte, a saber, o diabo (Hb 2.14), que mantém homens e mulheres na escravidão do pecado e rebelião contra o santo Deus. A cegueira da própria Jolie a impede de ver que não pode controlar seu destino. Essa cegueira a impede de compreender que não somente pode ser livre desse medo, mas ainda ter o aguilhão, que é o pecado, retirado até mesmo da sua morte inevitável.
Uma dupla mastectomia pode ser sensata no curto prazo, mas o que Jolie precisa é de um Salvador que andará com ela, inclusive pelo vale da sombra da morte (Sl 23). Evitar o câncer de mama é legítimo; sua escolha a este respeito pode ser sabedoria proativa. Mas fugir da ira vindoura é crucial e há apenas uma cura.
Traduzido por Arielle Pedrosa e gentilmente cedido pelo blog Mulheres Piedosas – visite! – Original aqui